Quem lava mais os pratos?

A convivência, às vezes, é difícil. Aqueles que compartilham moradia, são casados ou inclusive lembrem da boa vida na casa de mamãe, entenderão quando formule a seguinte pergunta: Quem lava mais os pratos? "Hoje é a sua vez!" "Não, é sua, eu lavei ontem e quinta seu folgado!" "Mentira, eu lavei na quinta... está achando que sou sua empregada" E assim vai com cada uma das partes crendo ter a razão.

A semente destas desavenças reside em nosso cérebro, em nossa forma de processar a informação. Mais concretamente, em nossa memória seletiva. Nossa precária memória é a origem da maior parte das divergências sociais cotidianas.

Quando discutimos sobre quem lava os pratos geralmente em casa, não podemos evitar recordar com mais clareza as vezes que nós o fizemos. Isto acontece porque nossa memória está organizada para se concentrar principalmente em nossa própria experiência. E só ocasionalmente compensamos este desequilíbrio.

Muitas expressões de superioridade moral também se fundamentam nesta classe débil de memória. É por isso que praticamente em qualquer empresa colaborativa, desde as tarefas domésticas até a elaboração de trabalhos acadêmicos com colegas, a soma da contribuição percebida por cada pessoas supera o total do trabalho realizado. Não recordamos o que os demais fizeram tão bem como recordamos o que foi feito por nós, e isso leva a todos (inclusive os folgazões) a ter a impressão de que os demais se aproveitaram de nós.

Se fôssemos um pouco mais conscientes desta debilidade, talvez seríamos mais generosos com os demais... e confiaríamos um pouco menos em nós mesmos.

Fonte: www.mdig.com.br